sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Como uma onda

O primeiro encontro de duas bocas que queiram intensamente se beijar há algum tempo é mágico. Dá frio na barriga, tudo pára. E quando existe química, por ser muito bom, o primeiro encontro repete-se continuamente fazendo aquela magia toda virar rotina. Não que fique sem graça, mas com o passar do tempo, não é mais tão emocionante e o coração nem palpita mais rápido. É incrível como o tempo tem o poder de acalmar tudo; até os apaixonados.
Caso alguma coisa interrompa momentaneamente o o "affaire" e os dois deixem de se beijar por um período, a próxima vez é quase tão eletrizante quanto a primeira; mas nunca tanto quanto. Pior ainda quando algo separa o casal de uma maneira tensa e eles tentam mais tarde voltar às boas... doce ilusão! Por maior que seja o sentimento, a conexão nunca mais será a mesma daquelas primeiras, ininterruptas e emocionantes vezes. Mas é assim com tudo na vida; não só com relacionamentos amorosos. Amizades, uma vez interrompidas por alguma decepção ou por alguma mudança inconsequente, também não voltam ao que eram antes. É aquela história do cristal uma vez quebrado... "Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia", né?
Triste para todos nós (já que todos temos uma pitada de nostalgia incurtida no ser) porque tentamos incessantemente fazer o atual ser sempre bom como o passado foi. E não adianta! "A vida vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito", né? Com o tempo, ele vai parar de relevar as frescurinhas dela que ele relevava no começo e, por isso, as brigas vão, inevitavelmente, aparecer. Com o tempo, ele não vai mais deixar qualquer plano anterior só para estar com ela por 5 minutos que seja. Com o tempo, ele vai preferir dormir (...) e ela não vai se queixar. "Tudo muda o tempo todo no mundo", né?
É lamentável... Porque por mais que a química entre eles nunca deixe de existir, as mulheres precisam do algo mais dos primeiros encontros. E quem não precisa? É por isso que quando surge uma oportunidade de algo "diferente", muitos deles (e delas também, sejamos francos) não hesitam em tentar porque o diferente traz o desafio da conquista que ele (e ela) já alcançaram com ela (e ele) nos primeiros encontros.
Triste.
Como uma onda no mar, que não volta mais, tudo vira rotina; a tudo acotuma-se... Nada é eletrizante para sempre, desperta interesse ilimitado para sempre ou é reavivado para sempre. Nenhum frio na barriga foi feito para ser eterno.
Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Unilateralmente polilateral

A unilateralidade em nada me agrada. Ao contrário, assusta.
Sou fã mesmo é das avenidas ou rodovidas de mão dupla, pois elas, apesar de tornarem muitas trajetórias opostas, também fazem com que as mesmas jamais deixem de se olhar; tornando certos encontros possíveis com tantas idas e voltas simultâneas.
Relaciono essa minha preferência com "trocas" no seu geral, uma vez que elas são bem mais interessantes do que os unilaterais "só dar" ou "só receber"." As trocas, os intercâmbios atraem, despertam curiosidade pelo alheio e, assim, surge o contato profundo - a melhor parte de todas! E é por conta dele, do contato, que admiro os dispostos à reciprocidade, os devotos do "um a um"; e abomino os unilaterais.
A unilateralidade transmite frieza, ausência de feedback e isso acaba com o contato sincero, íntimo e intenso; acaba com o "deixo um pouco de mim e levo um pouco de alguém"; acaba com as trocas.
Em nome dos contatos inesquecíveis, abaixo os unilaterais e invejo os propagadores de retornos à altura.

Pra quê via de mão única? Prefira também o vai-e-vem e proporcione-se encontros inesperados.
Esteja disposto à reciprocidade!
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Já diria meu amado Vinícius: "Pra quê somar, se a gente pode dividir?"





p.s.: esse é um texto antigo meu, já o havia publicado acho que no orkut, mas tô super sem tempo de criar textos novos, então só pra não deixar isso aqui tão desatualizado, postei um texto antigo.