sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Como uma onda

O primeiro encontro de duas bocas que queiram intensamente se beijar há algum tempo é mágico. Dá frio na barriga, tudo pára. E quando existe química, por ser muito bom, o primeiro encontro repete-se continuamente fazendo aquela magia toda virar rotina. Não que fique sem graça, mas com o passar do tempo, não é mais tão emocionante e o coração nem palpita mais rápido. É incrível como o tempo tem o poder de acalmar tudo; até os apaixonados.
Caso alguma coisa interrompa momentaneamente o o "affaire" e os dois deixem de se beijar por um período, a próxima vez é quase tão eletrizante quanto a primeira; mas nunca tanto quanto. Pior ainda quando algo separa o casal de uma maneira tensa e eles tentam mais tarde voltar às boas... doce ilusão! Por maior que seja o sentimento, a conexão nunca mais será a mesma daquelas primeiras, ininterruptas e emocionantes vezes. Mas é assim com tudo na vida; não só com relacionamentos amorosos. Amizades, uma vez interrompidas por alguma decepção ou por alguma mudança inconsequente, também não voltam ao que eram antes. É aquela história do cristal uma vez quebrado... "Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia", né?
Triste para todos nós (já que todos temos uma pitada de nostalgia incurtida no ser) porque tentamos incessantemente fazer o atual ser sempre bom como o passado foi. E não adianta! "A vida vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito", né? Com o tempo, ele vai parar de relevar as frescurinhas dela que ele relevava no começo e, por isso, as brigas vão, inevitavelmente, aparecer. Com o tempo, ele não vai mais deixar qualquer plano anterior só para estar com ela por 5 minutos que seja. Com o tempo, ele vai preferir dormir (...) e ela não vai se queixar. "Tudo muda o tempo todo no mundo", né?
É lamentável... Porque por mais que a química entre eles nunca deixe de existir, as mulheres precisam do algo mais dos primeiros encontros. E quem não precisa? É por isso que quando surge uma oportunidade de algo "diferente", muitos deles (e delas também, sejamos francos) não hesitam em tentar porque o diferente traz o desafio da conquista que ele (e ela) já alcançaram com ela (e ele) nos primeiros encontros.
Triste.
Como uma onda no mar, que não volta mais, tudo vira rotina; a tudo acotuma-se... Nada é eletrizante para sempre, desperta interesse ilimitado para sempre ou é reavivado para sempre. Nenhum frio na barriga foi feito para ser eterno.
Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Unilateralmente polilateral

A unilateralidade em nada me agrada. Ao contrário, assusta.
Sou fã mesmo é das avenidas ou rodovidas de mão dupla, pois elas, apesar de tornarem muitas trajetórias opostas, também fazem com que as mesmas jamais deixem de se olhar; tornando certos encontros possíveis com tantas idas e voltas simultâneas.
Relaciono essa minha preferência com "trocas" no seu geral, uma vez que elas são bem mais interessantes do que os unilaterais "só dar" ou "só receber"." As trocas, os intercâmbios atraem, despertam curiosidade pelo alheio e, assim, surge o contato profundo - a melhor parte de todas! E é por conta dele, do contato, que admiro os dispostos à reciprocidade, os devotos do "um a um"; e abomino os unilaterais.
A unilateralidade transmite frieza, ausência de feedback e isso acaba com o contato sincero, íntimo e intenso; acaba com o "deixo um pouco de mim e levo um pouco de alguém"; acaba com as trocas.
Em nome dos contatos inesquecíveis, abaixo os unilaterais e invejo os propagadores de retornos à altura.

Pra quê via de mão única? Prefira também o vai-e-vem e proporcione-se encontros inesperados.
Esteja disposto à reciprocidade!
***
Já diria meu amado Vinícius: "Pra quê somar, se a gente pode dividir?"





p.s.: esse é um texto antigo meu, já o havia publicado acho que no orkut, mas tô super sem tempo de criar textos novos, então só pra não deixar isso aqui tão desatualizado, postei um texto antigo.

sábado, 24 de outubro de 2009

Minha rendição à utopia dos apaixonados

Sempre fui do tipo prática, comedidamente romântica (apesar de as minhas amigas discordarem de mim). Por ser assim, tinha uma filosofia quase infalível que carregava comigo a todo custo; eu sempre fui do tipo que acredita que amor não basta. E eu aprendi isso com meus relacionamentos passados; é teoria por experiência, a melhor que pode existir. Sabe por que? Porque quando a gente se julga apaixonado, acha que pode transformar o mundo, acha que o amor vence tudo, ultrapassa todas as barreiras (parece até música do Roberto Carlos, né?). Com o tempo e algumas frustrações consideráveis, fui aprendendo que não é bem assim. Não é só porque vc gosta muito de (ou até ama, vá lá) uma pessoa que é pra vc ficar com ela, que é pra vcs darem certo. Sempre tem o algo mais... Por isso criei a teoria de que amor não basta: "Não adianta nada amar alguém e não respeitar essa pessoa; não adianta amar alguém e não confiar nele; não adianta amar e não ter tempo pro amor, viver atolado em coisas e não conseguir dar atenção ao amado; não adianta amar e 'ser de mundos muito diferentes' ".
Acontece que ultimamente eu ando fazendo de tudo para quebrar a minha própria teoria. Sim, aquela que eu tanto defendi, que eu tanto tentei expandir, que eu tanto reafirmei e à qual tantos devotos levei... Acho que mais por vontade de que ela seja furada do que por ela ser furada de fato. Mas que importa isso? O relevante é que eu ando acreditando mais no amor, pa-te-ti-ca-men-te falando. Como se ele tivesse, sim, super poderes capazes de transformar "mundos muito diferentes" (é, eu odeio essa expressão! tome nota!) em cidades vizinhas; crenças completamente contraditórias e conflitantes em riso e compreensão; muros separatistas em pontes floridas, bem utópico mesmo. É um vigor forte para provar pro amor que ele é suficiente, por mais que no fundinho eu saiba que não, que ele quase nunca é. E é engraçado sentir isso assim, aos 21 anos de idade, depois de tentar demonstrar tanta maturidade em tantos relacionamentos, depois de ser tão comedida no "entregar-me" a algumas paixonites, depois de ter deixado ele escapar tantas vezes. Mas é uma força interna estranha que me leva a furar minha filosofia semana após semana e mais, me faz querer continuar a furá-la, me faz querer intensamente virar a exceção da regra.
Talvez justamente por isso seja mais teimosia do que realidade, aquele desejo de provar que se pode vencer o tradiocional, que se é mais forte e imponente do que o padrão, sabe? Pode até ser, mas ainda assim é pró-amor, ainda assim é utopia romântica, ainda assim sou eu apostando em algo que eu jamais apostaria, acreditando em coisas que por vezes deixei passar sem significado, justamente por achar que o amor não basta.
Não sei, ando achando injusto que ele nao baste, só isso. Cansa ver pessoas que se gostam não podendo ficar juntos por causa das circunstâncias! Aí tem uma hora que você se rende... Se rende a ele e à sua onipotência naqueles apaixonados de primeira viagem, não tem jeito.
No fim, é só uma vontade grande de fazer todos os amores darem certo, de interligar mundos desconexos, de abreviar distâncias, de aproximar extremos; só pra ver, no final, o amor vencendo na vida das minhas amigas e na minha, como nos filmes. De repente me pareceu que acreditar na minha filosofia é deixar-se resignado à inércia, sabe? Aquilo de só receber o que cai no colo, não lutar por nada, ser resignado ao que a vida quiser fazer da sua vida. E quem é que quer isso? Quem sente orgulho em dizer-se estático perante ao caos de seus caminhos?
Por isso e só por hoje ,ou por mais alguns dias ou meses ou quem sabe, é que eu quero que o amor baste, eu quero que ele seja maior que as diferenças, eu quero que ele vença e que a minha exceção vire a regra e eu quero que seja real, pra valer. Até porque se EU, durona e irredutível quanto a essa minha teoria, já estou descrevendo-a falida, algum poder magnífico ele deve, sim, exercer.
Eu me rendo.
Renda-se também!
Porque se no final não for nada disso, pelo menos terá testado de fato a validade de uma teoria qualquer. Ou vai sair por aí aceitando calado tudo que te dizem verdade-absoluta?


"E eu, que sempre fui tão inconstante... desculpe, meu amor, agora é pra valer!
Olha, vem comigo aonde eu for. Seja meu amante, meu amado, meu amor. Vem seguir comigo meu caminho e viver a vida só de amor" (porque não há nada mais amor-utópico do que Roberto Carlos).

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O (meu) mundo está ao contrário e ninguém reparou

Os grandiosos poetas (?) do CPM 22 já cantaram: " O mundo dá voltas!" . Mas convenhamos que não é preciso ser um grande poeta, muito menos um CPM 22, pra saber disso, né?
Saber, na teoria que o mundo dá voltas é aceitável, é "engolível"; o que fica entragado é quando vivemos na prática isso. Não porque não queiramos ver as coisas mudando, mas porque essa frasezinha tem uma conotação bem mais metafórica e, geralmente, ela não traz boas notícias. Ninguém ouve um "é, o mundo dá voltas" de alguém que tá contando uma coisa estritamente feliz, é sempre com tom de vingança, de "aqui se faz, aqui se paga"; e por isso é tão assustador o dia que chega a nossa vez de vivê-lo.
A minha mãe sempre diz que a gente tem que plantar pra colher depois. Minhas sementes deviam estar todas podres, sem chance de vingar nem no primeiro instante. E como é que se planta árvores frutíferas com sementes estragadas num solo improdutivo? Como é que se rega uma planta que já nasce murcha? Sem querer arranjar desculpas esfarrapadas pro caos, mas tanta coisa dar errado não pode ser só culpa minha ou mera coincidência! Será que eu fiz tanto assim no mundo pra merecer essa volta? Será que algum dia eu realmente estive no 180° oposto dessa semi-circunferência atual? Não que me recorde. Talvez no 90°, mas na exata posição oposta, não acredito. Então me dêem meu ângulo reto e só, nada mais! Seja justo comigo, mundo!
Mereço algum sofrimento, alguma angústia; não fui boazinha a vida toda (nem sou agora), mas sabe aquele momento que vc só quer pegar suas coisas no RH , enfiar naquela caixa de papelão e ir embora sem ouvir do patrão mais e mais humilhações do real motivo pelo qual ele está te despedindo? Chega uma hora que você já pagou tudo o que fez de ruim ao mundo e eu acho que, além dos juros e correções monetárias, eu já devo estar deixando a gorgeja! Não é possível!!!
Sempre dizem que depois da tempestade, vem a bonança. Então já posso me considerar rica amanhã. O fato é que se eu soubesse que 2009 seria tão difícil e conturbado, eu teria me reservado o direito de ficar dormindo desde o dia 31/12/2008.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Nós, o sexo frágil

Somos mulheres. Temos tendência à ilusão, à fantasia. Com facilidade acreditamos em muito do pouco que vemos; e pensamos conhecer aquilo a fundo, por mais superficial que seja. É nos dado, (creio que por natureza porque não é possível tamanha vocação ao iludir-se), um carma invariável que nos condiciona sempre ao sonhar. A gente sonha com tudo! Sonha com o primeiro beijo, sonha com o tão polêmico "eu te amo", sonha com um mero almoço de domingo protagonizado por nós + o cara + a família dele num restaurante (que quer dizer muito mais do que um simples almoço-de-domingo), sonha com a noite perfeita - a noite das nossas vidas, a primeira.
E por sermos assim, tão cheias de fantasias, supervalorizamos o pouco. No campo dos relacionamentos, então, somos as campeãs mundiais em transformar míseros pontos em glamurosos contos. A gente adora sonhar. É profissão nata das mulheres acreditar nas promessas eternas de um amor tão efêmero dos caras. Muitas vezes, a gente até sabe que aquele "pra sempre" que eles nos devotam durarão a eternidade deles: os próximos 5 minutos, ou os próximos 2 dias... (quem sabe?), mas a gente acredita mesmo assim. Talvez porque junto com essa nossa tendência massacrante à ilusão, venha também uma insistência danada de teimosa, responsável por nos fazer acreditar sempre que "comigo vai ser diferente". E não adianta negar, isso é nosso; não nosso por direito porque ninguém jamais lutaria por coisa do tipo, mas nosso por natureza, algo a ser estudado pelos cientistas da genética como um provável caso de herança restrita ao sexo. (é, os homens se safaram dessa supervalorização dos relacionamentos, sentimentos e palavrinhas... certeza que é coisa do cromossomo x quando em dose dupla).

Mas mesmo assim, paradoxo delicioso que é a mulher. Somos fortes na dor, aguentamos tanto! (Claro que me refiro às dores físicas). Tiramos de letra as sessões de depilação, as contrações da gravidez, as cólicas mentruais e a dor do parto. Mas travamos quando é dor de amor, achamo-nos incapazes frente a ela. Ficamos estáticas, entregamo-nos a ela de maneira tal a ponto de engordarmos quilos e mais quilos com as barras de chocolate, e o choro vem muito fácil. Ninguém mandou se entregar tão facilmente a qualquer amor. Como pode um ser valorizar tanto as coisas do coração?

Não é segredo pra ninguém essa vulnerabilidade feminina ao romantistmo, à espera pela ligação do dia seguinte, ao escrever o nome dela com o sobrenome de todos eles pra ver se combina... É fato consumado. Vimos ao mundo assim, predestinadas. E é por isso que nos tornamos tão frágeis, porque não há dor pior pra derrubar do que dor de amor mal curada; as cólicas e as contrações ficam no chinelo perto dela. E é assim que eles, os homens, os donos das promessas efêmeras, saem tantas vezes ilesos das dores e são considerados fortes. Eles são recifes pras dores certas.
O que fazer, então? Parar de sonhar? Tentar evitar que a paixão tome conta do próximo primeiro encontro? Não mais idealizar profundamente cada frase que sai da boca deles? Talvez fosse uma saída bem eficaz... mas, cá entre nós, até tentamos não nos iludir em cada novo relacionamento, mas não conseguimos êxito completo! Então o jeito é continuar mulher, com tudo aquilo que nos faz mulher: imaginando o príncipe encantado num cavalo branco, querendo aquele que abre a porta do carro e que puxa a cadeira do restaurante. O jeito é continuar a ser legitimamente o sexo frágil, apenas à espera da próxima ilusão perdida.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

"Desemprego Estrutural"

Ninguém é insubstituível.
Eis aí o capitalismo pra comprovar o que digo. Não bastasse os menos favorecidos já serem excluídos do sistema pela desigualdade social que esse gera; o tal vilão, aliado à globalização, ainda tira muitos empregos dos pobres coitados em função da mecanização, da tecnologia aplicada às máquinas e serviços industriais. Os desempregados têm de conviver com o fato de que, com o capitalismo regendo o mundo, eles são perfeitamente substituíveis, pra não dizer dispensáveis.
Eu acredito (e é só assistir aos noticiários ou pensar em quantos dos seus vizinhos você realmente conhece) que o egoísmo gerado pela expansão ilimitada do capitalismo transcende o campo industrial ou econômico e chega até às relações pessoais. Isso desencadeia uma série de consequências, dentre elas o esfriamento dos sentimentos. (E isso é profético!) Assim, torna-se fácil substituir as pessoas nos relacionamentos também.
É perfeitamente possível tirar alguém especial da sua vida, é como se fosse um remanejamento, sabe? Uma faxina! Aquele guarda-roupa que há tanto vem pedindo para que você o reorganize. Simples assim. (Tratar as pessoas com tal indiferença é também herança do cruel sistema atual.)

Mas tudo que sai, deixa um espaço em branco no lugar. Preenchê-lo não é tarefa das mais fáceis, principalmente quando se trata de pessoas especiais. Vai de cada um achar um meio para tanto. Mas como a música que diz que devemos deixar um pouco de nós e levar um pouco do outro em todo tipo de contato interpessoal feito, é questionável a validade da influência capitalista nos sentimentos humanos. Afinal, não somos máquinas, não deveríamos ser "pilotáveis". O dispensar dos queridos é pra nos deixar incompletos.


É...Ninguém é insubstituível. Há sempre um pedaço grande de vazio para preencher qualquer espaço que ficou livre depois de alguma tentativa de substituição de alguém especial. Você se dá bem com ele? Adapta-se bem ao vazio? Não é angustiante sentí-lo na sua vida? Então pratique o desapego, meu amigo! Troque o calor do humano pelo vazio do vazio... E seja benvindo ao mundo dos insensíveis. Parabéns! Porque, afinal, você acaba de aderir ao desemprego estrutural e, assim, acaba de se tornar um capitalista nato!!! Mas tudo bem, é sempre mais fácil aderir ao sistema do que correr o risco de ser engolido por ele, não é mesmo?!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O que eu também não entendo

Algumas inconstâncias pessoais jamais serão entendidas por outréns. São atitudes incompreensíveis, rumos estranhos, palavras completamente controversas. E então, quaisquer tentativas de desvendá-las, viram passeios inúteis pelo desconhecido, pelo impossibilitado de ser descoberto; uma insistência teimosa e tola, sem sucesso.
Machado de Assis, em Esaú e Jacó, disse que "todos os contrastes estão no homem", e ele não poderia ter dado tiro mais certeiro do que esse. O homem é uma incógnita!
A falta de estabilidade é característica marcante das pessoas. Encontra-se uma dificuldade imensa em manter uma posição, em agir de acordo com as palavras, em decidir-se e não voltar atrás. É como se cada dia fosse uma nova oportunidade ridícula de mudar os compromissos do ontem, de questionar as escolhas feitas, de desfazê-las. E então, tudo que se pensava estar perdido, agora tem uma chance; o que estava certo de virar realidade, de repente vai por água abaixo. Tudo assim, bem paradoxal mesmo... Antítese atrás de antítese; de enlouquecer qualquer um, e exatamente por isso, bem humano.
Não tente esquivar-se da instabilidade reinante no mundo. Não há bolha de exílio capaz de te conceder tal eficácia, garanto. Evite o esforço. Não faça planos, não se afaste, não se aproxime, não desenhe nada pro amanhã que envolva -ou mais, que dependa de - uma segunda pessoa, um segundo humano, porque ele te trará todos os contrastes, assim como você também faz com/para ele. Desista de tentar decifrar o código, somos todos ilegíveis mesmo.
Não dá pra entender como, onde, quando, por quê... Dá pra entender quem: é questão de humanidade, de sangue correndo nas veias. Mas não basta entender que somos humanos e que humanos são confusos, indecisos, alheios. Queremos entender justamente as outras perguntas e é angustiante não saber suas respostas. É péssimo não entender tudo e todos e suas consequentes ações e reações em nós... Deveria nos ser de direito a compreensão quase que exata do modo de agir dos que nos rodeiam!
(...)


Como bonecos bem planejados que acabam de sair da fábrica, deveríamos todos vir ao mundo com manual de instruções. Pode até ficar mais sem graça, mas seria muito mais fácil.






É... eu sei, mudo muito de opinião e, por vezes, acabo tornando-me indecifrável. Mas é passageiro... Precisa ser.

sábado, 18 de julho de 2009

Um amor para recordar

(esse vai ser grande!)

Quinta eu tive um Dejá Vù. Dos mais saudosos... Tive um revival dos meus 16 anos. E como os meus 16 anos foram um revival dos meus 14, eu dei uma boa passeada por boas fases da minha vida em apenas uma noite. E a nostalgia tomou conta de mim. Foram longos 6 anos... é o fim de um ciclo.


Muita coisa ainda é a mesma (e eu, por conhecer tão bem, posso afirmar que é)... e ao mesmo tempo, tudo mudou.
Ainda é o mesmo tamanho tão peculiar que por vezes me incomodou na hora de escolher qual sapato usar e que me fazia ser capaz de identificá-lo aonde quer que estivéssemos, mesmo de costas, mesmo de longe. Ainda existem aquelas covinhas tão fundas e tão delicadas ao mesmo tempo... o que as torna mais especiais é o momento em que elas aparecem, provacadas por aquele sorriso... Esse mudou. Está mais claro, mais brilhante. É, o tempo fez bem! E lembrando do sorriso, vem a lembrança daquela gargalhada... inconfundível, deliciosa! Foi bom ouvi-la de novo, da mesma forma de antes; só não pelos mesmos motivos. (...) As roupas estão diferentes. Mais arrumadinhas, mais charmosas. O cabelo também. (thank God!) Curtinho, cortado bem baixinho de um jeito que combinou perfeitamente. Mas eu sempre soube disso, sempre soube que aquele corte faria muito bem àquele cabelo , era dessa forma que eu sempre pedia que cortasse, lembra? Mas era outra fase, né? Aliás, outras! Quantas fases aquele cabelo passou e eu acompanhei, cada hora era uma moda nova pra ele... e, numa demonstração tola do desnecessário, eu sempre detestando cada combinação inventada pr' aquele cabelo, como se fosse isso que fizesse a diferença, como se o corte de cabelo (ou a falta do corte) ditasse quem éramos um pro outro ou quem aquele era pra mim. E ele era dos melhores! De tão bom, eu deveria considerar o cabelo, que tanto detestava, como um brinde... porque nem aquilo eu merecia. Eu implicava com as roupas também e implicava com o cavaquinho... Quinta ele não me incomodou, ao contrário...
É o mesmo jeito de tocar: encolhe os ombrinhos vez por outra e faz um gingadinho com o pé que ninguém faz igual... ninguém. E quando inventa de cantar, ergue as sobrancelhas suavemente com um sorrisinho de canto malemolente. E esse é o meu gesto favorito porque é assim que fica possível de ver aqueles olhos azuis. Pra falar a verdade, para mim é sempre possível enxergar aqueles olhos... Mesmo quando existe no rosto aquele sorriso ou aquela gargalhada que fazem os lindos olhos quase sumirem, ainda assim eu consigo enxergá-los, identificá-los, diferenciá-los de quaiquer outros porque são aqueles olhos azuis. É um azul só daquele; não é tão escuro como o oceano e nem tão claro como o céu... é um azul singular. Não há outro azul como o azul daqueles olhos azuis. Eles não mudaram. Ainda bem! Porque de tudo, eles são a minha lembrança preferida. Por vezes cheguei a esquecer o rosto, os braços... mas nunca os olhos. Quando fecho os meus ainda posso vê-los bem vivos... e azuis, azuis daquele jeito.

Tudo mudou. É outro tempo, outras vidas, outra cor da aliança. A motivação, os motivos, as chances... tudo mudou. O sentimento que parecia que não teria fim, a saudade que se sentia mesmo estando há 5 minutos longe, a intimidade... tudo mudou. Agora é custoso fazer sair da boca um mísero "oi", agora é proibido que os olhares se cruzem e quando eles cruzam, o jeito é desviar correndo. Tudo mudou. É embaraçoso estar um na presença do outro, é estranho e sem nexo... Afinal, passou 1 ano e 4 meses desde o último contato. O tempo muda as coisas... e tudo mudou! Ao mesmo tempo que é um tantinho triste pensar assim, é um alívio porque aquele sentimento tinha um poder tão forte em nós que eu morria de medo de ele não passar nunca, de eu nunca parar de querer aqueles olhos azuis pra mim, de você nunca parar de voltar sempre... de ir e voltar sempre, nunca ir de vez. (...)
E agora foi... e não dói que tenha ido, não magoa, não tortura. É bom. É aliviante que não tenha doído, que não tenha voltado. Mas as lembranças daquele (s) tempo (s) vão comigo para sempre porque foram o melhor de mim até agora, é a minha história de amor da adolescência e talvez da juventude. É o meu você. É aquele que está relatado em tantas páginas de tantos diários de tantos anos, aquele que ficou em tantos e-mails, em tantos logs de msn, em tantas contas de celular. É aquele que, mesmo não batendo mais no coração, mesmo não doendo mais, mesmo não fazendo diferença em nossas vidas, é o mais especial e o mais inesquecível de todos.
De tudo, o que mais mudou foi o sentimento. Ele já não existe mais, não da mesma forma. Sim, sempre que o vejo isso mexe comigo e acho que é normal, mas é bem diferente. Esse sentimento precioso é agora uma memória boa e eterna que faz o coração pulsar mais rápido depois de tanto tempo sem notícias ou aparições, mas nada além disso. Uma memória boa e feliz. Algo para se contar para os netos...

Valeu a pena a nostalgia. Valeu a pena ver todos esses aqueles outra vez. Valeu a pena tudo... e tudo mudou. Valeu a pena o revival, o remember e o dejá vù... e constatar que, felizmente, tudo mudou. A aliança é cor amarela agora... tudo mudou. (...)

(...) Exceto por aquela reação ao me ver depois de algum tempo, que ainda é a mesma. Aqueles olhos azuis arregalados, a voz muda por um tempo, a tensão e o rosto estático. Tudo mecânico, ausência de movimentos, muita tensão... Isso não mudou.

Nem para mim!


**Você foi o maior dos meus casos; de todos os abraços, o que eu nunca esqueci. Você foi, dos amores que eu tive, o mais complicado e o mais simples pra mim... E é por essas e outras que a minha saudade faz lembrar de tudo outra vez. Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter; só assim sinto você bem perto de mim outra vez... Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade sem nada perder : Você foi Toda a felicidade, você foi a maldade que só me fez bem. Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter; só assim sinto você bem perto de mim outra vez!** - Roberto Carlos

domingo, 12 de julho de 2009

O novo sempre vem

Conheci um novo estímulo nessa última quarta-feira. E ele nem precisava ser de carne e osso, mas é. Não sei ainda se é dos mais agradáveis e dos meu preferidos, mas o importante é que é um estímulo e estímulos são sempre benvindos. Mais ainda, é um estímulo novo! E o novo desperta curiosidade, traz inspiração geral... ou pelo menos deveria.
O frescor da novidade embala planos incríveis, contagia o "ao redor". Não se prende ao passado e encontra soluções até pros retóricos. Revigora a vontade de fazer tudo de novo... tudo novo de novo. E isso não é demais?
Como um bebê que acaba de chegar ao mundo, o novo traz oportunidades mil, um mundo diferente de experiências a serem gastas, perda do fôlego pela ansiedade de não saber o que te espera... Quem é capaz de rejeitar algo assim? O conhecer, o desvendar, o experimentar... É tudo tão bom, tão compensador! Pelo novo a gente se arruma mais, pelo novo a gente tenta ao máximo chegar pontualmente, pelo novo a gente luta, a gente briga e até mente... a gente se esforça, a gente conta, a gente se entrega! Claro que nem sempre essa entrega é das melhores ou das mais sábias, mas o poder do inusitado causa essa submissão... e mesmo que ela dê errado, é proibido se arrepender porque há que encará-la como uma tentativa em prol do diferente, da mudança. E esse tipo de tentativa deve ser supervalorizada.
O miudinho novo pode até parecer insignificante perto do bom e velho velho , mas o que tornou o velho antigo e bom foi a força de vontade de vivê-lo quando ainda era novo; foi a coragem de desbravá-lo, o autruísmo de dar a cara a tapa por ele um dia, afinal tudo tem um começo.
Escolher o antigo sempre é parar no tempo... ou até voltar. É preguiça de conhecer milhares de utilidades e defeitos daquela nova empreitada, é perder a chance de desvendar segredos íntimos e deleitar-se na juventude do novo... e ele sempre merece uma oportunidade! Na pior das hipóteses, o novo te traz conhecimento de causa, experiência e sabedoria... e só por isso já vale a pena! Mas com um sorrisinho de canto meio malandrete, digo que o novo tem potencial pra muito mais que isso, ele só quer um espacinho, uma chance de virar "história para contar pros netos".
Sou militante da novidade. Apóio o inesperado... O velho já passou, já assisti a esse filme, sei o final dele. Pra quê insistir no falido se há uma luz nova no fim do tunel? Segui-la só traz benefícios. Já comecei essa nova fase ganhando... um estímulo! E ele será dos mais bem aproveitados.
Conheça o novo, dê uma chance a ele... Quem sabe ele não vira o seu melhor velho, a sua mais linda história de vida ou quem sabe ele não acabe nunca... O que passou, passou e o que virá dirá. Não escolha o mais fácil, o costume, não torne-se acomodado. Mantenha-se sempre jovial, sempre fresco, sempre vibrante!

Elis Regina já diria: "o novo sempre vem" ... só quem ama o passado é que não vê.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O destino dos pró-ativos

Você acredita em destino?
Um encontro teoricamente impossível de acontecer que, misteriosamente, vira realidade. Dois olhares completamente desinteressados se cruzam e tudo muda. Uma mudança de cidade em busca de melhor emprego que desencadeia em sucessivos acontecimentos inesperados. ...
O destino é o responsável por muito da vida de tantos. Ele é culpado quando muitas coisas não dão certo e ovacionado quando outras dão. É tudo culpa dele! Você saiu de casa toda bem vestida para ver o amado e não o encontrou? Coisa do destino! Você o encontrou e ele a correspondeu a altura até que as coisas se acertaram como queria? Olha ele aí outra vez!!!
Eu o vejo mais como um coitado! Não deve ser fácil ser apontado como a justificativa pra tudo que acontece na vida de cada pessoa. Pra mim, o destino é mais um subterfúgio usado por muitos preguiçosos da vida, aqueles que não assumem seus erros e nem tomam as rédias de suas próprias vidas. Quem não quer ter em quer jogar as responsabilidades dos atos e palavras? É bem mais cômodo e humano! Pra quê encarar as coisas de frente e admitir algumas escolhas erradas como as verdadeiras responsáveis pelo caos reinante? Dá muito mais trabalho! Que seja o destino, então... ele já está tão acostumado mesmo.
Eu não sou do tipo que acredita em destino. Acredito em oportunidades. Há as aproveitadas e as perdidas, as realizadas e aquelas a serem descobertas... Tudo é questão de mesclar positivamente a hora, o lugar, as pessoas e o desejo certos. Óbvio que combinar tudo isso não é nada fácil, mas é assim que tem que ser. Porque as conquistas levam tempo mesmo, dão trabalho... e isso não é coisa do destino!
Eu gosto de ter as rédias da minha pessoa. Sabe aquela história de não deixar a vida se meter na minha vida porque quem manda na minha vida sou eu? É assim que acho certo. Quando culpamos o destino ou esperamos por ele ou deixamos a vida fazer de nós o que bem quer, estamos perdendo o controle, deixando de criar e/ou aproveitar bem as oportunidades. E, a não ser que esse controle seja perdido por uma baita falta de ar causada por algum amor que valha a pena, perdê-lo não é boa idéia.
Claro que nem tudo que planejamos dá certo ou vira realidade. Há os imprevistos, os mal feitos, as idas, as voltas, os intervalos, as distâncias, as diferenças, os traumas e as teimosias e dentre tudo isso, há as reticências - porque elas me lembram tempo, calma. E Salomão mesmo já disse que há tempo pra tudo. Algumas coisas simplesmente não são pra serem nossas ou não vão acontecer passe o tempo que for... e, por outro lado, há uma infinidade de peripécias incríveis à espera de cada um! Mas só dá pra descobrir se tentamos fazê-las virarem realidade, se aproveitamos as oportunidades.
Aquela história de que o que é pra acontecer vai sempre acontecer pode até ser verdade, mas se permanecemos estáticos e inertes o resto também vai permanecer. É a lógica da vida! Portanto, não é o destino que rege tudo, é a força de vontade de lutar pelo que se quer.

E então, é só o caso de decidir o que quer, passar por cima dos traumas, aproveitar as oportunidades e fazer acontecer no tempo certo... Sim, falando parece fácil. Mas é assim que os ativos encaram a vida. E o que vc prefere? A passividade de ser pró-destino ou a iniciativa dos ativos?

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Desvio à direita: trecho em obras

Eu adoro viajar! É quando me sinto mais leve, mais livre, mais feliz. Mas toda viagem precisa de um roteiro, um caminho a seguir... E é pra isso que existem os guias rodoviários, os mapas, os GPS.
Ninguém gosta de viajar sem saber a melhor rota a tomar pra se chegar no destino. É inviável, perda de tempo e de uma irresponsabilidade grande. Mas antes de mais nada, precisa-se definir qual será o destino da viagem, aonde se quer chegar, pra depois escolher o melhor caminho, os atalhos mais seguros.
Definido o destino, é preciso manter a decisão. Nem sempre é fácil, porque muitas vezes somos levados a escolher um destino que não queríamos de fato, mas que, pelas circunstâncias do momento, é o mais indicado, o mais racional (não que se tenha que ser racional em tudo que se faça, mas, infelizmente, em certas horas é preciso escolher a razão à emoção). E aí além de tudo, precisa de muita força(...)!

Eu sempre preciso dos mapas e dos GPS porque gosto de saber aonde estou indo, onde estou pisando. E ser assim às vezes me custa situações indesejáveis. Mas é que quando olho pras rodovias possíveis de serem viajadas, não consigo imaginar alguém passando casualmente por algumas delas, sem rumo certo a seguir. Tudo bem que Camões pregou o "navegar por mares nunca dante navegados" e que é legal arriscar às vezes na vida, mas esse entregar-se sem retorno ao casual é martírio, é condenar-se à falibilidade. E foi por isso, pela dependência dos guias rodoviários, que escolhi o rumo da minha viagem. Não sei se ela será prazerosa ou penosa demais, se será saudosa ou firme... isso só o tempo dirá. Talvez essa rodovia que escolhi até seja de mão dupla, quem sabe? E aí as possibilidades aumentam por conta do vai-e-vem... Além do mais, sempre há os atalhos; e sempre há os atalhos errados, não é mesmo? (...)
Em nome da estabilidade que preciso e que escolhi, creio que será uma viagem serena, pelo menos por enquanto... Até porque essa estrada é longa, só vejo o começo dela até então. Não sei as curvas e os desvios que me esperam lá na frente, mais pra frente...


e hoje eu vi uma estrela cadente (...).

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sob efeito do "Pequeno(?) Príncípe"

Não me lembro ao certo se foi a raposa ou a plantação de trigo que ensinou ao Pequeno Príncipe que "só se vê com o coração; o essencial é invisível aos olhos". Realmente, é no coração onde ficam as maiores intimidades, os mais secretos desejos e os mais intensos sentimentos. Mas se Antoine Exupéry (o autor do livro) de fato estava certo, por que é que a saudade dos meus amados tanto me atormenta? Por que é que ficar dois dias sem vê-los parece uma eternidade para mim e é tão custoso acostumar-se a um dia-a-dia sem eles? Não me seriam eles a essência?
Eles é que o são! Obviamente os saudosos ficam guardados no coração, e esse é o melhor lugar para estarem; mas a proximidade e o contato pessoal tornam as relações bem mais reais e possíveis. O olhar tem um poder magnífico de transparecer sentimentos...
Entratanto, vagando pela minha fértil imaginação e minhas curtas experiências de vida, pude encontrar o profundo sentido da frase de tal livro. Não importa quão longe se esteja do que te faz feliz e vivo, a certeza de que isso está guardadinho no lado esquerdo do peito traz uma paz e uma segurança incríveis o suficiente para aquilo manter-se firme e forte! Fato que tal segurança não anula a vontade e a necessidade pelo contato pessoal, pelo olhar... Mas é a certeza de que o essencial está no coração que faz com que ele não seja efêmero ou deveras condicional às milhas que os separam.
Designar, metaforicamente, olhos ao coração, tenta acalentar a saudade do essencial, pois é como se ela se justificasse pelos mais puros sentimentos que se possa ter... e talvez eu deva seguir essa receita à risca. Afinal, de que adianta procurar insistentemente pelos queridos ao meu redor se é dentro do coração que os encontro mais vivos e perto?

"Só se vê com o coração; o essencial é invisível aos olhos"

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Desintoxicação

Sempre tive uma certa pena dos viciados. Por mais que a culpa por estarem em um estado deplorável de saúde e de vida seja toda deles, eu nunca entendi muito bem o porquê de não conseguirem se desligar das substâncias químicas de suas preferências, nunca entendi por que seria tão difícil desvencilharem-se. É claro que os entorpecentes detêm de princípios ativos que levam à dependência, mas acho que o real motivo encontra-se muito mais no psicológico do que no fisiológico. As drogas obtêm seu êxito quando dominam a mente do cidadão! E é assim com tudo na vida, com qualquer tipo de vício que se tenha.
Álcool, nicotina, cafeína, chocolate, amor, ser humano...
Qual o seu vício? O que domina sua mente? É aquilo que te faz estático perante a ele; aquilo que te desarma, que te lesa.
O pior do vício é a alienação. Não falo daquela do "barato"; falo daquela da anulação do eu mesmo, na qual se passa a viver pela droga. Ao meu ver, chega-se ao fim do poço quando passa-se a humilhar-se em prol do vício, a mendicar aquilo, a alienar-se para tudo à sua volta que não seja o entorpecente.
Como um vírus destruidor, alguns entorpecentes (químicos, "biológicos" ou fisiológicos) invadem todos nossos sistemas e passam a usar o nosso metabolismo numa relação parasitária triste e depreciativa. Eis aí o momento de parar; o momento de cortar o mal pela raiz e esquecer completamente a droga; aprender a viver sem ela. Tal tarefa é dura, difícil e um árduo trabalho a ser realizado. Mas muito antes de desintoxicar o corpo, há que se desintoxicar a mente, o local mais dominado pelo entorpecente! E agora, descoberto o segredo do sucesso das drogas, é possível entender completamente a grande dificuldade que os viciados encontram de se livrarem de seus assassinos.
Pode-se usar os famosos 12 passos ou até recorrer à terapias; mas só se vence casos como esse quando se coloca em primeiro lugar na sua própria vida novamente, quando se volta a viver para si e amar a si mesmo antes de amar o vício.
A dependência fisiológica pede dedicação e persistência para ser vencida. Mas nenhuma desintoxicação é impossível, basta recuperar a mente, o coração e os órgãos vitais que foram parasitados pela droga. Na maioria dos casos, eles vêm faltando pedaços e feridos, porque tudo na vida é uma questão de escolhas e elas sempre trazem consequências... Esse é um ciclo que não tem fim. O importante é salientar que quanto antes se desprende da droga, menos lesões ela deixa, menos marcas haverá dos episódios...

Boa sorte para libertarem-se de seus vícios! Liberem suas mentes!!!

sábado, 2 de maio de 2009

O Preço do Anonimato

Quanto vale um segredo?
Cartas escritas que não serão entregues. Discursos treinados frente ao espelho que não serão ditos. Fotos tiradas com incrível criatividade, mas não serão reveladas. Alegria reprimida. Mãos frias no outono. Sorriso torto. Grito empolgado freado por uma mordaça. Saudade não curada. Declaração calada.
O anonimato é uma coisa interessante! Porque nunca se sabe a dosagem certa que se quer dele. A maioria das pessoas repudia a falta de privacidade enfrentada pelos famosos, mas quase todos talvez pagassem esse preço pelos tão batidos "15 minutos"... afinal de contas, a televisão ou a Caras não são os únicos modos de revelar-se; e nem o mundo das celebridades o único palco para que isso aconteça. Logo, os tais 15 minutos podem soar bem mais metafóricos do que parecem.
Há milhões de outras vidas do lado de cá da Globo, com os mesmos acontecimentos das do lado de lá; e outros milhões de palcos a serem usados na representação das vidas alheias. Assim, há entre nós, meros anônimos, os mesmos comentários, as mesmas fofocas e os mesmos telefones-sem-fio que acabam, vez por outra, por frearem as identificações.
É... Talvez não haja mesmo um meio-termo entre o invisível e o em constante evidência, e arriscar assumir a tal identidade implique em alguns problemas circustanciais tensos e desagradáveis. Mas não seria a repressão algo também desagradável? Não seria a censura tão dura que chega a limitar e prender? É uma questão de escolhas... E isso apavora!!!
...
Quanto vale um segredo?
Vale um sorriso! Mesmo que torto e disfarçado. Vale um abraço! Mesmo que rápido e escondido. Vale um minuto, mas que seja bem gasto. E vale mãos quentes! Mesmo que por instantes...
Não importa o que as pessoas pensem/digam/façam a seu respeito. Só você sabe o que realmente vale a pena pra você. E reprimir-se ou escancarar-se; mascarar-se ou revelar-se só vale a pena quando o assunto valer a pena pra VOCÊ.
Revele-se! Seja quem você é e todas as ações que fazem você feliz...Mas faça tudo isso pra você, antes de qualquer coisa; porque no fim, segredo ou não, só dentro de você é que encontrará as respostas sobre o verdadeiro benefício disso tudo (ou pelo menos sobre até onde existe benefício!).
Não é o contar que faz a história, não é o ibope que dita o sucesso. Mesmo porque, como bem foi dito no filme que vi hoje "o fundamental a gente nunca fala"... Portanto, talvez não doa ter de guardar o tal discurso na gaveta...

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Surpreendentemente misteriosa

A razão de escolher como tema principal "entrelinhas" dá-se pelo fato de que, ultimamente, descobri a magia por trás delas. E tal magia explica-se por um velho conhecido dos cineastas, escritores de livros ou até mesmo os simples curiosos de plantão: o mistério.
É incrível o poder que esse substantivo exerce no ser humano! O mistério instiga a investigação em cada um. Ele desfila sensualidade e desperta desejo, tudo porque se mostra mais difícil.
As pessoas têm uma inquietação dentro de si por desvendar as coisas... Segredos, fofocas, surpresas, mistério. Nada pode ficar encoberto, há que se descobrir tudo. É a ânsia pelo saber ou a maldita ansiedade atormentando mais uma vez?
Completamente ansiosa, confesso que, apesar de adorar uma pitada de mistério, tenho um certo medo de surpresas. Gosto de recebê-las, quando são boas, é óbvio! Mas sou bem mais imediatista, impaciente e inquieta; preciso das respostas hoje, do futuro pra ontem...
Viver sem um roteiro quase que exato dos próximos capítulos não é das tarefas mais fáceis pra mim, mas é completamente possível tirar proveito bom disso! A vulnerabilidade ao acaso tem lá suas vantagens: aprende-se a dar valor ao tempo e à intensidade dos momentos passados. Mas o crucial é: aprende-se a ter paciência! E talvez de todo o resto, se só sobrar isso, já valeu a pena!
Quem não consegue viver um dia de cada vez sem se martirizar pensando no próximo ou quem não se acostuma a viver surpreendentemente tem preguiça da vida. Porque ela é toda assim, cheia de perguntas muitas vezes sem respostas, de surpresas ora boas ora ruins, de mistério... E é exatamente isso que mantém a magia.
Acostume-se também ao inesperado! O esperado é o comum, o inesperado é o que revoluciona nossas vidas!!!
E aprenda a ler as entrelinhas... o mistério por trás delas vale muito a pena; e talvez esse mistério valha a pena desvendar logo de cara.