sexta-feira, 29 de maio de 2009

Desvio à direita: trecho em obras

Eu adoro viajar! É quando me sinto mais leve, mais livre, mais feliz. Mas toda viagem precisa de um roteiro, um caminho a seguir... E é pra isso que existem os guias rodoviários, os mapas, os GPS.
Ninguém gosta de viajar sem saber a melhor rota a tomar pra se chegar no destino. É inviável, perda de tempo e de uma irresponsabilidade grande. Mas antes de mais nada, precisa-se definir qual será o destino da viagem, aonde se quer chegar, pra depois escolher o melhor caminho, os atalhos mais seguros.
Definido o destino, é preciso manter a decisão. Nem sempre é fácil, porque muitas vezes somos levados a escolher um destino que não queríamos de fato, mas que, pelas circunstâncias do momento, é o mais indicado, o mais racional (não que se tenha que ser racional em tudo que se faça, mas, infelizmente, em certas horas é preciso escolher a razão à emoção). E aí além de tudo, precisa de muita força(...)!

Eu sempre preciso dos mapas e dos GPS porque gosto de saber aonde estou indo, onde estou pisando. E ser assim às vezes me custa situações indesejáveis. Mas é que quando olho pras rodovias possíveis de serem viajadas, não consigo imaginar alguém passando casualmente por algumas delas, sem rumo certo a seguir. Tudo bem que Camões pregou o "navegar por mares nunca dante navegados" e que é legal arriscar às vezes na vida, mas esse entregar-se sem retorno ao casual é martírio, é condenar-se à falibilidade. E foi por isso, pela dependência dos guias rodoviários, que escolhi o rumo da minha viagem. Não sei se ela será prazerosa ou penosa demais, se será saudosa ou firme... isso só o tempo dirá. Talvez essa rodovia que escolhi até seja de mão dupla, quem sabe? E aí as possibilidades aumentam por conta do vai-e-vem... Além do mais, sempre há os atalhos; e sempre há os atalhos errados, não é mesmo? (...)
Em nome da estabilidade que preciso e que escolhi, creio que será uma viagem serena, pelo menos por enquanto... Até porque essa estrada é longa, só vejo o começo dela até então. Não sei as curvas e os desvios que me esperam lá na frente, mais pra frente...


e hoje eu vi uma estrela cadente (...).

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sob efeito do "Pequeno(?) Príncípe"

Não me lembro ao certo se foi a raposa ou a plantação de trigo que ensinou ao Pequeno Príncipe que "só se vê com o coração; o essencial é invisível aos olhos". Realmente, é no coração onde ficam as maiores intimidades, os mais secretos desejos e os mais intensos sentimentos. Mas se Antoine Exupéry (o autor do livro) de fato estava certo, por que é que a saudade dos meus amados tanto me atormenta? Por que é que ficar dois dias sem vê-los parece uma eternidade para mim e é tão custoso acostumar-se a um dia-a-dia sem eles? Não me seriam eles a essência?
Eles é que o são! Obviamente os saudosos ficam guardados no coração, e esse é o melhor lugar para estarem; mas a proximidade e o contato pessoal tornam as relações bem mais reais e possíveis. O olhar tem um poder magnífico de transparecer sentimentos...
Entratanto, vagando pela minha fértil imaginação e minhas curtas experiências de vida, pude encontrar o profundo sentido da frase de tal livro. Não importa quão longe se esteja do que te faz feliz e vivo, a certeza de que isso está guardadinho no lado esquerdo do peito traz uma paz e uma segurança incríveis o suficiente para aquilo manter-se firme e forte! Fato que tal segurança não anula a vontade e a necessidade pelo contato pessoal, pelo olhar... Mas é a certeza de que o essencial está no coração que faz com que ele não seja efêmero ou deveras condicional às milhas que os separam.
Designar, metaforicamente, olhos ao coração, tenta acalentar a saudade do essencial, pois é como se ela se justificasse pelos mais puros sentimentos que se possa ter... e talvez eu deva seguir essa receita à risca. Afinal, de que adianta procurar insistentemente pelos queridos ao meu redor se é dentro do coração que os encontro mais vivos e perto?

"Só se vê com o coração; o essencial é invisível aos olhos"

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Desintoxicação

Sempre tive uma certa pena dos viciados. Por mais que a culpa por estarem em um estado deplorável de saúde e de vida seja toda deles, eu nunca entendi muito bem o porquê de não conseguirem se desligar das substâncias químicas de suas preferências, nunca entendi por que seria tão difícil desvencilharem-se. É claro que os entorpecentes detêm de princípios ativos que levam à dependência, mas acho que o real motivo encontra-se muito mais no psicológico do que no fisiológico. As drogas obtêm seu êxito quando dominam a mente do cidadão! E é assim com tudo na vida, com qualquer tipo de vício que se tenha.
Álcool, nicotina, cafeína, chocolate, amor, ser humano...
Qual o seu vício? O que domina sua mente? É aquilo que te faz estático perante a ele; aquilo que te desarma, que te lesa.
O pior do vício é a alienação. Não falo daquela do "barato"; falo daquela da anulação do eu mesmo, na qual se passa a viver pela droga. Ao meu ver, chega-se ao fim do poço quando passa-se a humilhar-se em prol do vício, a mendicar aquilo, a alienar-se para tudo à sua volta que não seja o entorpecente.
Como um vírus destruidor, alguns entorpecentes (químicos, "biológicos" ou fisiológicos) invadem todos nossos sistemas e passam a usar o nosso metabolismo numa relação parasitária triste e depreciativa. Eis aí o momento de parar; o momento de cortar o mal pela raiz e esquecer completamente a droga; aprender a viver sem ela. Tal tarefa é dura, difícil e um árduo trabalho a ser realizado. Mas muito antes de desintoxicar o corpo, há que se desintoxicar a mente, o local mais dominado pelo entorpecente! E agora, descoberto o segredo do sucesso das drogas, é possível entender completamente a grande dificuldade que os viciados encontram de se livrarem de seus assassinos.
Pode-se usar os famosos 12 passos ou até recorrer à terapias; mas só se vence casos como esse quando se coloca em primeiro lugar na sua própria vida novamente, quando se volta a viver para si e amar a si mesmo antes de amar o vício.
A dependência fisiológica pede dedicação e persistência para ser vencida. Mas nenhuma desintoxicação é impossível, basta recuperar a mente, o coração e os órgãos vitais que foram parasitados pela droga. Na maioria dos casos, eles vêm faltando pedaços e feridos, porque tudo na vida é uma questão de escolhas e elas sempre trazem consequências... Esse é um ciclo que não tem fim. O importante é salientar que quanto antes se desprende da droga, menos lesões ela deixa, menos marcas haverá dos episódios...

Boa sorte para libertarem-se de seus vícios! Liberem suas mentes!!!

sábado, 2 de maio de 2009

O Preço do Anonimato

Quanto vale um segredo?
Cartas escritas que não serão entregues. Discursos treinados frente ao espelho que não serão ditos. Fotos tiradas com incrível criatividade, mas não serão reveladas. Alegria reprimida. Mãos frias no outono. Sorriso torto. Grito empolgado freado por uma mordaça. Saudade não curada. Declaração calada.
O anonimato é uma coisa interessante! Porque nunca se sabe a dosagem certa que se quer dele. A maioria das pessoas repudia a falta de privacidade enfrentada pelos famosos, mas quase todos talvez pagassem esse preço pelos tão batidos "15 minutos"... afinal de contas, a televisão ou a Caras não são os únicos modos de revelar-se; e nem o mundo das celebridades o único palco para que isso aconteça. Logo, os tais 15 minutos podem soar bem mais metafóricos do que parecem.
Há milhões de outras vidas do lado de cá da Globo, com os mesmos acontecimentos das do lado de lá; e outros milhões de palcos a serem usados na representação das vidas alheias. Assim, há entre nós, meros anônimos, os mesmos comentários, as mesmas fofocas e os mesmos telefones-sem-fio que acabam, vez por outra, por frearem as identificações.
É... Talvez não haja mesmo um meio-termo entre o invisível e o em constante evidência, e arriscar assumir a tal identidade implique em alguns problemas circustanciais tensos e desagradáveis. Mas não seria a repressão algo também desagradável? Não seria a censura tão dura que chega a limitar e prender? É uma questão de escolhas... E isso apavora!!!
...
Quanto vale um segredo?
Vale um sorriso! Mesmo que torto e disfarçado. Vale um abraço! Mesmo que rápido e escondido. Vale um minuto, mas que seja bem gasto. E vale mãos quentes! Mesmo que por instantes...
Não importa o que as pessoas pensem/digam/façam a seu respeito. Só você sabe o que realmente vale a pena pra você. E reprimir-se ou escancarar-se; mascarar-se ou revelar-se só vale a pena quando o assunto valer a pena pra VOCÊ.
Revele-se! Seja quem você é e todas as ações que fazem você feliz...Mas faça tudo isso pra você, antes de qualquer coisa; porque no fim, segredo ou não, só dentro de você é que encontrará as respostas sobre o verdadeiro benefício disso tudo (ou pelo menos sobre até onde existe benefício!).
Não é o contar que faz a história, não é o ibope que dita o sucesso. Mesmo porque, como bem foi dito no filme que vi hoje "o fundamental a gente nunca fala"... Portanto, talvez não doa ter de guardar o tal discurso na gaveta...