quarta-feira, 29 de julho de 2009

O que eu também não entendo

Algumas inconstâncias pessoais jamais serão entendidas por outréns. São atitudes incompreensíveis, rumos estranhos, palavras completamente controversas. E então, quaisquer tentativas de desvendá-las, viram passeios inúteis pelo desconhecido, pelo impossibilitado de ser descoberto; uma insistência teimosa e tola, sem sucesso.
Machado de Assis, em Esaú e Jacó, disse que "todos os contrastes estão no homem", e ele não poderia ter dado tiro mais certeiro do que esse. O homem é uma incógnita!
A falta de estabilidade é característica marcante das pessoas. Encontra-se uma dificuldade imensa em manter uma posição, em agir de acordo com as palavras, em decidir-se e não voltar atrás. É como se cada dia fosse uma nova oportunidade ridícula de mudar os compromissos do ontem, de questionar as escolhas feitas, de desfazê-las. E então, tudo que se pensava estar perdido, agora tem uma chance; o que estava certo de virar realidade, de repente vai por água abaixo. Tudo assim, bem paradoxal mesmo... Antítese atrás de antítese; de enlouquecer qualquer um, e exatamente por isso, bem humano.
Não tente esquivar-se da instabilidade reinante no mundo. Não há bolha de exílio capaz de te conceder tal eficácia, garanto. Evite o esforço. Não faça planos, não se afaste, não se aproxime, não desenhe nada pro amanhã que envolva -ou mais, que dependa de - uma segunda pessoa, um segundo humano, porque ele te trará todos os contrastes, assim como você também faz com/para ele. Desista de tentar decifrar o código, somos todos ilegíveis mesmo.
Não dá pra entender como, onde, quando, por quê... Dá pra entender quem: é questão de humanidade, de sangue correndo nas veias. Mas não basta entender que somos humanos e que humanos são confusos, indecisos, alheios. Queremos entender justamente as outras perguntas e é angustiante não saber suas respostas. É péssimo não entender tudo e todos e suas consequentes ações e reações em nós... Deveria nos ser de direito a compreensão quase que exata do modo de agir dos que nos rodeiam!
(...)


Como bonecos bem planejados que acabam de sair da fábrica, deveríamos todos vir ao mundo com manual de instruções. Pode até ficar mais sem graça, mas seria muito mais fácil.






É... eu sei, mudo muito de opinião e, por vezes, acabo tornando-me indecifrável. Mas é passageiro... Precisa ser.

sábado, 18 de julho de 2009

Um amor para recordar

(esse vai ser grande!)

Quinta eu tive um Dejá Vù. Dos mais saudosos... Tive um revival dos meus 16 anos. E como os meus 16 anos foram um revival dos meus 14, eu dei uma boa passeada por boas fases da minha vida em apenas uma noite. E a nostalgia tomou conta de mim. Foram longos 6 anos... é o fim de um ciclo.


Muita coisa ainda é a mesma (e eu, por conhecer tão bem, posso afirmar que é)... e ao mesmo tempo, tudo mudou.
Ainda é o mesmo tamanho tão peculiar que por vezes me incomodou na hora de escolher qual sapato usar e que me fazia ser capaz de identificá-lo aonde quer que estivéssemos, mesmo de costas, mesmo de longe. Ainda existem aquelas covinhas tão fundas e tão delicadas ao mesmo tempo... o que as torna mais especiais é o momento em que elas aparecem, provacadas por aquele sorriso... Esse mudou. Está mais claro, mais brilhante. É, o tempo fez bem! E lembrando do sorriso, vem a lembrança daquela gargalhada... inconfundível, deliciosa! Foi bom ouvi-la de novo, da mesma forma de antes; só não pelos mesmos motivos. (...) As roupas estão diferentes. Mais arrumadinhas, mais charmosas. O cabelo também. (thank God!) Curtinho, cortado bem baixinho de um jeito que combinou perfeitamente. Mas eu sempre soube disso, sempre soube que aquele corte faria muito bem àquele cabelo , era dessa forma que eu sempre pedia que cortasse, lembra? Mas era outra fase, né? Aliás, outras! Quantas fases aquele cabelo passou e eu acompanhei, cada hora era uma moda nova pra ele... e, numa demonstração tola do desnecessário, eu sempre detestando cada combinação inventada pr' aquele cabelo, como se fosse isso que fizesse a diferença, como se o corte de cabelo (ou a falta do corte) ditasse quem éramos um pro outro ou quem aquele era pra mim. E ele era dos melhores! De tão bom, eu deveria considerar o cabelo, que tanto detestava, como um brinde... porque nem aquilo eu merecia. Eu implicava com as roupas também e implicava com o cavaquinho... Quinta ele não me incomodou, ao contrário...
É o mesmo jeito de tocar: encolhe os ombrinhos vez por outra e faz um gingadinho com o pé que ninguém faz igual... ninguém. E quando inventa de cantar, ergue as sobrancelhas suavemente com um sorrisinho de canto malemolente. E esse é o meu gesto favorito porque é assim que fica possível de ver aqueles olhos azuis. Pra falar a verdade, para mim é sempre possível enxergar aqueles olhos... Mesmo quando existe no rosto aquele sorriso ou aquela gargalhada que fazem os lindos olhos quase sumirem, ainda assim eu consigo enxergá-los, identificá-los, diferenciá-los de quaiquer outros porque são aqueles olhos azuis. É um azul só daquele; não é tão escuro como o oceano e nem tão claro como o céu... é um azul singular. Não há outro azul como o azul daqueles olhos azuis. Eles não mudaram. Ainda bem! Porque de tudo, eles são a minha lembrança preferida. Por vezes cheguei a esquecer o rosto, os braços... mas nunca os olhos. Quando fecho os meus ainda posso vê-los bem vivos... e azuis, azuis daquele jeito.

Tudo mudou. É outro tempo, outras vidas, outra cor da aliança. A motivação, os motivos, as chances... tudo mudou. O sentimento que parecia que não teria fim, a saudade que se sentia mesmo estando há 5 minutos longe, a intimidade... tudo mudou. Agora é custoso fazer sair da boca um mísero "oi", agora é proibido que os olhares se cruzem e quando eles cruzam, o jeito é desviar correndo. Tudo mudou. É embaraçoso estar um na presença do outro, é estranho e sem nexo... Afinal, passou 1 ano e 4 meses desde o último contato. O tempo muda as coisas... e tudo mudou! Ao mesmo tempo que é um tantinho triste pensar assim, é um alívio porque aquele sentimento tinha um poder tão forte em nós que eu morria de medo de ele não passar nunca, de eu nunca parar de querer aqueles olhos azuis pra mim, de você nunca parar de voltar sempre... de ir e voltar sempre, nunca ir de vez. (...)
E agora foi... e não dói que tenha ido, não magoa, não tortura. É bom. É aliviante que não tenha doído, que não tenha voltado. Mas as lembranças daquele (s) tempo (s) vão comigo para sempre porque foram o melhor de mim até agora, é a minha história de amor da adolescência e talvez da juventude. É o meu você. É aquele que está relatado em tantas páginas de tantos diários de tantos anos, aquele que ficou em tantos e-mails, em tantos logs de msn, em tantas contas de celular. É aquele que, mesmo não batendo mais no coração, mesmo não doendo mais, mesmo não fazendo diferença em nossas vidas, é o mais especial e o mais inesquecível de todos.
De tudo, o que mais mudou foi o sentimento. Ele já não existe mais, não da mesma forma. Sim, sempre que o vejo isso mexe comigo e acho que é normal, mas é bem diferente. Esse sentimento precioso é agora uma memória boa e eterna que faz o coração pulsar mais rápido depois de tanto tempo sem notícias ou aparições, mas nada além disso. Uma memória boa e feliz. Algo para se contar para os netos...

Valeu a pena a nostalgia. Valeu a pena ver todos esses aqueles outra vez. Valeu a pena tudo... e tudo mudou. Valeu a pena o revival, o remember e o dejá vù... e constatar que, felizmente, tudo mudou. A aliança é cor amarela agora... tudo mudou. (...)

(...) Exceto por aquela reação ao me ver depois de algum tempo, que ainda é a mesma. Aqueles olhos azuis arregalados, a voz muda por um tempo, a tensão e o rosto estático. Tudo mecânico, ausência de movimentos, muita tensão... Isso não mudou.

Nem para mim!


**Você foi o maior dos meus casos; de todos os abraços, o que eu nunca esqueci. Você foi, dos amores que eu tive, o mais complicado e o mais simples pra mim... E é por essas e outras que a minha saudade faz lembrar de tudo outra vez. Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter; só assim sinto você bem perto de mim outra vez... Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade sem nada perder : Você foi Toda a felicidade, você foi a maldade que só me fez bem. Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter; só assim sinto você bem perto de mim outra vez!** - Roberto Carlos

domingo, 12 de julho de 2009

O novo sempre vem

Conheci um novo estímulo nessa última quarta-feira. E ele nem precisava ser de carne e osso, mas é. Não sei ainda se é dos mais agradáveis e dos meu preferidos, mas o importante é que é um estímulo e estímulos são sempre benvindos. Mais ainda, é um estímulo novo! E o novo desperta curiosidade, traz inspiração geral... ou pelo menos deveria.
O frescor da novidade embala planos incríveis, contagia o "ao redor". Não se prende ao passado e encontra soluções até pros retóricos. Revigora a vontade de fazer tudo de novo... tudo novo de novo. E isso não é demais?
Como um bebê que acaba de chegar ao mundo, o novo traz oportunidades mil, um mundo diferente de experiências a serem gastas, perda do fôlego pela ansiedade de não saber o que te espera... Quem é capaz de rejeitar algo assim? O conhecer, o desvendar, o experimentar... É tudo tão bom, tão compensador! Pelo novo a gente se arruma mais, pelo novo a gente tenta ao máximo chegar pontualmente, pelo novo a gente luta, a gente briga e até mente... a gente se esforça, a gente conta, a gente se entrega! Claro que nem sempre essa entrega é das melhores ou das mais sábias, mas o poder do inusitado causa essa submissão... e mesmo que ela dê errado, é proibido se arrepender porque há que encará-la como uma tentativa em prol do diferente, da mudança. E esse tipo de tentativa deve ser supervalorizada.
O miudinho novo pode até parecer insignificante perto do bom e velho velho , mas o que tornou o velho antigo e bom foi a força de vontade de vivê-lo quando ainda era novo; foi a coragem de desbravá-lo, o autruísmo de dar a cara a tapa por ele um dia, afinal tudo tem um começo.
Escolher o antigo sempre é parar no tempo... ou até voltar. É preguiça de conhecer milhares de utilidades e defeitos daquela nova empreitada, é perder a chance de desvendar segredos íntimos e deleitar-se na juventude do novo... e ele sempre merece uma oportunidade! Na pior das hipóteses, o novo te traz conhecimento de causa, experiência e sabedoria... e só por isso já vale a pena! Mas com um sorrisinho de canto meio malandrete, digo que o novo tem potencial pra muito mais que isso, ele só quer um espacinho, uma chance de virar "história para contar pros netos".
Sou militante da novidade. Apóio o inesperado... O velho já passou, já assisti a esse filme, sei o final dele. Pra quê insistir no falido se há uma luz nova no fim do tunel? Segui-la só traz benefícios. Já comecei essa nova fase ganhando... um estímulo! E ele será dos mais bem aproveitados.
Conheça o novo, dê uma chance a ele... Quem sabe ele não vira o seu melhor velho, a sua mais linda história de vida ou quem sabe ele não acabe nunca... O que passou, passou e o que virá dirá. Não escolha o mais fácil, o costume, não torne-se acomodado. Mantenha-se sempre jovial, sempre fresco, sempre vibrante!

Elis Regina já diria: "o novo sempre vem" ... só quem ama o passado é que não vê.