sábado, 24 de outubro de 2009

Minha rendição à utopia dos apaixonados

Sempre fui do tipo prática, comedidamente romântica (apesar de as minhas amigas discordarem de mim). Por ser assim, tinha uma filosofia quase infalível que carregava comigo a todo custo; eu sempre fui do tipo que acredita que amor não basta. E eu aprendi isso com meus relacionamentos passados; é teoria por experiência, a melhor que pode existir. Sabe por que? Porque quando a gente se julga apaixonado, acha que pode transformar o mundo, acha que o amor vence tudo, ultrapassa todas as barreiras (parece até música do Roberto Carlos, né?). Com o tempo e algumas frustrações consideráveis, fui aprendendo que não é bem assim. Não é só porque vc gosta muito de (ou até ama, vá lá) uma pessoa que é pra vc ficar com ela, que é pra vcs darem certo. Sempre tem o algo mais... Por isso criei a teoria de que amor não basta: "Não adianta nada amar alguém e não respeitar essa pessoa; não adianta amar alguém e não confiar nele; não adianta amar e não ter tempo pro amor, viver atolado em coisas e não conseguir dar atenção ao amado; não adianta amar e 'ser de mundos muito diferentes' ".
Acontece que ultimamente eu ando fazendo de tudo para quebrar a minha própria teoria. Sim, aquela que eu tanto defendi, que eu tanto tentei expandir, que eu tanto reafirmei e à qual tantos devotos levei... Acho que mais por vontade de que ela seja furada do que por ela ser furada de fato. Mas que importa isso? O relevante é que eu ando acreditando mais no amor, pa-te-ti-ca-men-te falando. Como se ele tivesse, sim, super poderes capazes de transformar "mundos muito diferentes" (é, eu odeio essa expressão! tome nota!) em cidades vizinhas; crenças completamente contraditórias e conflitantes em riso e compreensão; muros separatistas em pontes floridas, bem utópico mesmo. É um vigor forte para provar pro amor que ele é suficiente, por mais que no fundinho eu saiba que não, que ele quase nunca é. E é engraçado sentir isso assim, aos 21 anos de idade, depois de tentar demonstrar tanta maturidade em tantos relacionamentos, depois de ser tão comedida no "entregar-me" a algumas paixonites, depois de ter deixado ele escapar tantas vezes. Mas é uma força interna estranha que me leva a furar minha filosofia semana após semana e mais, me faz querer continuar a furá-la, me faz querer intensamente virar a exceção da regra.
Talvez justamente por isso seja mais teimosia do que realidade, aquele desejo de provar que se pode vencer o tradiocional, que se é mais forte e imponente do que o padrão, sabe? Pode até ser, mas ainda assim é pró-amor, ainda assim é utopia romântica, ainda assim sou eu apostando em algo que eu jamais apostaria, acreditando em coisas que por vezes deixei passar sem significado, justamente por achar que o amor não basta.
Não sei, ando achando injusto que ele nao baste, só isso. Cansa ver pessoas que se gostam não podendo ficar juntos por causa das circunstâncias! Aí tem uma hora que você se rende... Se rende a ele e à sua onipotência naqueles apaixonados de primeira viagem, não tem jeito.
No fim, é só uma vontade grande de fazer todos os amores darem certo, de interligar mundos desconexos, de abreviar distâncias, de aproximar extremos; só pra ver, no final, o amor vencendo na vida das minhas amigas e na minha, como nos filmes. De repente me pareceu que acreditar na minha filosofia é deixar-se resignado à inércia, sabe? Aquilo de só receber o que cai no colo, não lutar por nada, ser resignado ao que a vida quiser fazer da sua vida. E quem é que quer isso? Quem sente orgulho em dizer-se estático perante ao caos de seus caminhos?
Por isso e só por hoje ,ou por mais alguns dias ou meses ou quem sabe, é que eu quero que o amor baste, eu quero que ele seja maior que as diferenças, eu quero que ele vença e que a minha exceção vire a regra e eu quero que seja real, pra valer. Até porque se EU, durona e irredutível quanto a essa minha teoria, já estou descrevendo-a falida, algum poder magnífico ele deve, sim, exercer.
Eu me rendo.
Renda-se também!
Porque se no final não for nada disso, pelo menos terá testado de fato a validade de uma teoria qualquer. Ou vai sair por aí aceitando calado tudo que te dizem verdade-absoluta?


"E eu, que sempre fui tão inconstante... desculpe, meu amor, agora é pra valer!
Olha, vem comigo aonde eu for. Seja meu amante, meu amado, meu amor. Vem seguir comigo meu caminho e viver a vida só de amor" (porque não há nada mais amor-utópico do que Roberto Carlos).

2 comentários:

  1. Você não me conhece. Também não lhe conheço. Cheguei a seu blog por intermedio de amigos, na verdade foi por acaso, pensando ser outra Mari. Enfim, as apresentações são dispensáveis.

    Tem algo nesses (des)encontros que me fazem refletir sobre a vida. Bastou um clique e uma curiosidade encerrada em mim para que eu lesse este seu texto, todas as linhas a que você lhe dedicou. Percebo que enquanto teclava letras, passava um filme em sua cabeça e a cada momento que ia chegando ao final, a cada momento que colocava os argumentos na tela, você ia se convencendo ainda mais do que escrevia.

    Pois bem. O mesmo filme passou pelas minhas telhas. Procurei nos livros do Vinicius ( notei que vc tb aprecia ) um poema que se referisse ao tema do post. Eu sei que ele exite, mas esta perdido. Acreditar no amor como sentimento transformador. Utópico? Talvez. Temo um mundo sem utopias, temo um mundo duro, pragmático, utilitarista, reto, que não privilegie pessoas ternas, altruistas, visionárias.

    Parabéns pelas palavras, bela construção. Quando nos desiludimos, a sensação de impotência e fraqueza tende a nos dominar. Que o amor sempre venca tais obstáculos ... eu acredito.

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  2. maaa ameii!! achei td lindo e super concordo!! E VC EH SIM ROMANTICAA!! hauhahuahua bjaoo gabi

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